Casos de dengue tem CEP, cor e gênero, afirmam conselheiros e conselheiras de saúde

Publicado em 03 de fevereiro de 2025 | Categoria: Notícias

Mesa na 362ª RO do CNS discutiu ações de enfrentamento às arboviroses em 2025 e necessidade de abordagem intersetorial do problema

A dispersão do sorotipo 3 da Dengue no Brasil, que há 17 anos não causa uma epidemia, tem deixado em alerta o Ministério da Saúde e toda estrutura de vigilância em saúde do país. A afirmação é da representante da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), Livia Frutuso, durante a mesa que tratou sobre o tema durante a 362ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, nesta quarta (29/01), em Brasília.

“Estamos no período sazonal da maioria das arboviroses em uma situação mais confortável, com 51% a menos de casos do que o mesmo período do ano passado. Mas quero chamar atenção da dispersão nos últimos meses do sorotipo 3 a nível nacional, colocando o país em uma situação de risco.”

O cenário epidemiológico levou a pasta a reativar o Centro de Operações de Emergência para dengue e outras arboviroses no mês de janeiro, apesar da situação ainda não se configurar como uma epidemia. Em reunião do COE no último dia 23, a ministra Nísia Trindade enfatizou que o desafio do controle da dengue é uma tarefa conjunta entre governo e sociedade civil. “O desafio do controle das arboviroses tem de ser enfrentado pelos gestores, sociedade e pelos líderes do governo de forma conjunta.”

Vitor da Silva, representante na mesa do Centro de Operações de Emergência para Dengue e outras Arboviroses, explicou que a atuação e estruturação do COE é estratégica e temporária, reforçando a importância dos conselhos para vencer as doenças endêmicas transmitidas por arbovírus pensando em soluções conjuntas. O CNS tem tido participação intensa nos COE, como no caso das chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul, que foi desativado no fim de 2024.

A conselheira de saúde Elaine Pelaez chamou atenção para o histórico de saídas individuais para lidar com problemas como a dengue em detrimento dos condicionantes de saúde dos territórios,  e requisitou elementos sobre o perfil das pessoas em cidades e estados em emergência para as arboviroses.

“É muito bom ver ações coordenadas para o enfrentamento dos arboviroses, no âmbito da gestão, com outros atores sendo envolvidos, e especialmente encarando essa questão como de saúde pública e coletiva, que não pode ser resolvida no âmbito individual”, afirmou.

Já o conselheiro João Alves, representante da Comissão de Vigilância em Saúde do CNS, destacou a culpabilização do cidadão quando se trata do combate às arboviroses. ”Qualquer planejamento sobre o tema precisa ser pensado intersetorial, a partir de uma estrutura nacional, mas combinado e planejado com todos segmentos da administração pública no nível local.”

Anselmo Dantas, também conselheiro nacional de saúde, ressaltou que as tragédias que estamos enfrentando têm endereço, cor e gênero, e isso deve ser encarado nas perspectivas dos direitos humanos. “Cidades saudáveis combinam com democracia e justiça social (..). Estamos em 2025 montando uma estrutura de estado para combater uma arbovirose que sabemos que tem meio de controle e prevenção. Precisamos fortalecer a política de combate às arboviroses no contexto dos condicionantes da doença”.

Fernando Magano, presidenta do CNS,  agradeceu o comprometimento do Ministério da Saúde em prontamente ativar o COE, colocando a Comissão de Vigilância em Saúde e a Secretaria Executiva do CNS como parceiros constantes no comitê. 

Cenário epidemiológico e vacinação

O ano de 2024 registrou 6,6 milhões de casos prováveis,  o que significa um aumento de 300% em relação a 2023. Somente em 2024 cerca de seis mil  pessoas morreram por conta da dengue, superando o número de mortes  por covid-19 no ano.

Plano de Ação para Redução dos Impactos das Arboviroses 2024/2025, anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Nísia antecipou ao período sazonal da doença com diversas medidas estratégicas, incluindo a instalação do Centro de Operações de Emergências (COE) para Dengue e outras Arboviroses, em operação desde o início  de janeiro.

Uma das novas tecnologias adotadas pelo Ministério da Saúde no ano passado para a prevenção da dengue foi a vacinação, embora a produção do laboratório responsável seja limitada. Os responsáveis por crianças e adolescentes  que estão na faixa etária para a vacinação (10 a 14 anos) e que residem nos municípios que tenham recebido a vacina devem procurar os pontos de vacinação.Veja a lista de municípios aqui

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta sobre a baixa procura pela vacina contra a dengue. O imunizante está disponível para um grupo restrito de pessoas em 1,9 mil cidades nas quais a doença é mais frequente. Apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde para estados e municípios foram aplicadas. 

De acordo com a pasta, de 2024 a 20 de janeiro de 2025, foram distribuídas 6.370.966 doses. A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) indica que 3.205.625 foram aplicadas até o momento.

Os dados fazem parte do painel de monitoramento do Ministério da Saúde e trazem informações até 28 de dezembro de 2024. A situação atualizada foi apresentada na reunião.

Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção pessoal dentro dos domicílios.

Sorotipo 3

O DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas. 

A introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros tipos pode levar a epidemias significativas. No Brasil, por exemplo, o aumento da incidência da doença entre 2000 e 2002 foi associado à introdução do DENV-3, elevando o risco de epidemias de dengue e febre hemorrágica da dengue.

Conselhos Contra a dengue

Em 2024 o CNS se uniu pela conscientização sobre o assunto, elaborando ações de comunicação para combater a desinformação sobre a doença e incentivando o importante papel dos conselhos de saúde no controle das arboviroses.

Foto: SVSA

Fonte: CNS

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